Pouco se me dá. Pra mim, simples mortal gorducha e que não danço nada, o filme não tem a ver com ballet, nem com dança, nem passa perto disso. Pra mim, o filme é sobre a vida. Sobre a ilusão que temos de que controlamos a vida, sobre nossos impulsos, sobre deixar-se levar pela vida.
Pouco se me dá também que muitos tenham dito que o filme trata de alucinação, sobre pesadelos. O pesadelo é a vida. As alucinações que a protagonista tem durante o filme, a meu ver, são metáforas de suas mortes. Das muitas mortes que vai processando, na medida em que ela aceita o desafio de morrer para viver de outra forma.
Pouco se me dá também o final, que me deixou perplexa. Pra mim, Nina (Nathalie Portman) mata seu cisne branco porque aceita que o cisne negro é necessário, é prazeroso - e se sente atraída pelo poder que ele confere. Seu rosto transtornado é de prazer. Ela aprende a ter prazer e aprende que perfeição e prazer são antagonistas.
Saí mal do cinema. Muda, impactada. Mas pouco se me dá, porque o filme valeu muito a pena.
FICHA TÉCNICA:
título original: Black Swan
gênero: Drama
duração:1 hr 43 min
ano de lançamento: 2010
estúdio: Protozoa Pictures / Phoenix Pictures / Cross Creek Pictures / Fox Searchlight Pictures
distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation
direção: Darren Aronofsky
roteiro: Andres Heinz e Mark Heyman, baseado em história de Andres Heinz
produção: Scott Franklin, Mike Medavoy, Arnold Messer e Brian Oliver
música: Clint Mansell
fotografia: Matthew Libatique
direção de arte: David Stein
figurino: Amy Westcott
edição: Andrew Weisblum
efeitos especiais:Matt Kushner (coordenador de efeitos visuais)
SINOPSE:
Nina (Natalie Portman) é uma bailarina dedicada, cuja motivação é atingir a perfeição em sua dança. Vive com sua mãe (Barbara Hershey), sem amigos nem atividades que não o balé. Surge a oportunidade de pegar o papel de destaque em O Lago dos Cisnes, aposta de sua companhia de balé para ultrapassar um momento de crise. A primeira bailarina da companhia, Beth, (Winona Ryder) é afastada por ser considerada velha para este papel. O diretor da companhia (Vincent Cassel) acha que Nina poderia ser a primeira bailarina, se demonstrasse mais paixão em sua dança.
Em busca do papel, Nina acaba descobrindo coisas em si que não imaginava que existissem.